Retalhos de padrão axial são técnicas reconstrutivas que utilizam uma artéria e veia cutâneas diretas como fonte principal de irrigação vascular, garantindo suprimento sanguíneo confiável ao tecido transferido. São indicados para cobertura de defeitos cirúrgicos extensos, especialmente em áreas de difícil fechamento primário. O presente trabalho tem como objetivo relatar a utilização do retalho de padrão axial ilíaco circunflexo profundo para reconstrução da região perianal após excisão de mastocitoma. Foi atendido um cão macho, sem raça definida (SRD), com 14 anos e 21 kg, apresentando um nódulo ulcerado na região perianal direita, com cerca de 10 × 6 cm. A citologia indicou mastocitoma cutâneo de alto grau. Foi instituída quimioterapia citorredutora com uma aplicação de lomustina (70 mg/m², VO) e vimblastina (2 mg/m², IV), intercaladas com 15 dias de intervalo, associada ao tratamento clínico com meloxicam (0,5 mg VO SID) e prometazina (25 mg VO SID). Após 15 dias, observou-se melhora significativa do aspecto clínico da lesão, com redução do edema, diminuição da hiperemia periférica e delimitação mais nítida dos contornos. Estimou-se redução da massa para cerca de 4 × 3 cm. A resposta observada foi atribuída ao efeito da quimioterapia e à redução do componente inflamatório, embora a lesão ainda se apresentasse ulcerada. No transoperatório, foram utilizados 0,4 mL de azul patente para identificação dos linfonodos inguinais, os quais foram removidos antes da excisão tumoral com margens de aproximadamente 2,5 cm. Em seguida, foi confeccionado o retalho de padrão axial ilíaco circunflexo profundo com divulsão do subcutâneo e auxílio de pinças de Backhaus para mímica de movimento, a fim de avaliar tensão no fechamento. Foram utilizadas três suturas walking com polidioxanona 0, sutura intradérmica com poliglecaprone 25 3-0 e sutura cutânea simples com nylon 3-0. Para prevenção de seroma, foi posicionado um dreno de Penrose n.º 1 e aplicado curativo compressivo. No pós-operatório, o dreno foi retirado ao quinto dia, sem intercorrências. O paciente apresentou excelente evolução, com ausência de deiscência e retorno ao 15º dia para retirada dos pontos. O exame histopatológico confirmou mastocitoma cutâneo de alto grau, com margens comprometidas. Dos linfonodos inguinais analisados, um apresentava apenas hiperplasia linfoide reacional, enquanto o outro revelou metástase por mastocitoma. Esses achados reforçam a importância de um planejamento cirúrgico ampliado e da linfadenectomia em casos suspeitos de neoplasia maligna perianal. O paciente seguiu em acompanhamento oncológico após o procedimento. A escolha do retalho de padrão axial ilíaco circunflexo profundo permitiu reconstrução eficaz da área, com bom aporte sanguíneo, fechamento sem tensão e adequada recuperação pós-operatória.